I
Anunciando ao público, marcante e lento:
Vou contar uma história
Na verdade e imaginação
Abra bem os meus olhos
Pra enxergar com atenção
É coisa de Deus e Diabo
Lá nos confins do sertão
Narrativo, lento:
Manuel e rosa
Vivia no sertão
Trabalhando a terra
Com as própria mão
Até que um dia -pelo sim pelo não-
Entrou na vida deles
O santo Sebastião
Trazia a bondade nos olhos
Jesus Cristo no coração
Agitado, na feira:
Sebastião nasceu do fogo
No mês de fevereiro
Anunciando que a desgraça
Ía queimar o mundo inteiro
Mas que ele podia salvar
Quem seguisse os passos dele
Que era santo e milagreiro
Que era santo
Que era santo
Que era santo e milagreiro
Fúnebre, triste, lento:
Meu filho, tua mãe morreu
Num foi da morte de Deus
Foi de briga no sertão, meu filho
Dos tiro que o jagunço deu
II
Lento, dramático:
Jurando em dez estrelas
Sem santo Padroeiro
Antonio das mortes
Matador de cangaceiro
Matador de cangaceiro!
Matador, matador
Matador de cangaceiro!
III
Narrativo, despertando, anunciando:
Da morte do monte Santo
Sobrou Manuel Vaqueiro
Por piedade de Antonio
Matador de cangaceiro
A estória continua
Preste lá mais atenção
Andou Manuel e Rosa
Pelas veredas do sertão
Até que um dia -pelo sim pelo não-
Entrou na vida deles
Corisco o diabo de Lampião
IV
Narrativo, triste, evocado da morte:
Lampião e Maria Bonita
Pensava que nunca
Que nunca morria
Morreram na boca da noite
Maria Bonita
Ao romper do dia
V
Trágico, anunciando desgraças:
Andando com remorso
Sem santo Padroeiro
Volta Antonio das Mortes
La ia la ii
Vem procurando noite e dia
La ia la ii
Corisco de São Jorge
La ia la ii
VI
Anunciando o final trágico:
Procurou pelo sertão
Todo o mês de fevereiro
O Dragão da Maldade
Contra o santo Guerreiro
Procura Antonio das Mortes
Procura Antonio das Mortes
Todo o mês de fevereiro
VII
Em diálogo, feroz, ritmo de luta:
- Se entrega Corisco!
- Eu não me entrego não!!!
Eu não sou passarinho
Pra viver lá na prisão
- Se entrega Corisco!
- Eu não me entrego não!!!
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão
- Se entrega Corisco!
- Eu não me entrego não!!!
VIII
Vivaz, alegre
Farrea, farrea povo
Farrea até o sol raiar
Mataram Corisco
Balearam Dadá
Mataram Corisco
Balearam Dadá
O sertão vai virá mar
E o mar virá sertão
Tá contada a minha estória
Verdade e imaginação
Espero que o sinhô
Tenha tirado uma lição
Que assim mal dividido
Esse mundo anda errado
Que a terra é do homem
Num é de Deus nem do Diabo
Que a terra é do homem
Num é de Deus nem do Diabo
Anunciando ao público, marcante e lento:
Vou contar uma história
Na verdade e imaginação
Abra bem os meus olhos
Pra enxergar com atenção
É coisa de Deus e Diabo
Lá nos confins do sertão
Narrativo, lento:
Manuel e rosa
Vivia no sertão
Trabalhando a terra
Com as própria mão
Até que um dia -pelo sim pelo não-
Entrou na vida deles
O santo Sebastião
Trazia a bondade nos olhos
Jesus Cristo no coração
Agitado, na feira:
Sebastião nasceu do fogo
No mês de fevereiro
Anunciando que a desgraça
Ía queimar o mundo inteiro
Mas que ele podia salvar
Quem seguisse os passos dele
Que era santo e milagreiro
Que era santo
Que era santo
Que era santo e milagreiro
Fúnebre, triste, lento:
Meu filho, tua mãe morreu
Num foi da morte de Deus
Foi de briga no sertão, meu filho
Dos tiro que o jagunço deu
II
Lento, dramático:
Jurando em dez estrelas
Sem santo Padroeiro
Antonio das mortes
Matador de cangaceiro
Matador de cangaceiro!
Matador, matador
Matador de cangaceiro!
III
Narrativo, despertando, anunciando:
Da morte do monte Santo
Sobrou Manuel Vaqueiro
Por piedade de Antonio
Matador de cangaceiro
A estória continua
Preste lá mais atenção
Andou Manuel e Rosa
Pelas veredas do sertão
Até que um dia -pelo sim pelo não-
Entrou na vida deles
Corisco o diabo de Lampião
IV
Narrativo, triste, evocado da morte:
Lampião e Maria Bonita
Pensava que nunca
Que nunca morria
Morreram na boca da noite
Maria Bonita
Ao romper do dia
V
Trágico, anunciando desgraças:
Andando com remorso
Sem santo Padroeiro
Volta Antonio das Mortes
La ia la ii
Vem procurando noite e dia
La ia la ii
Corisco de São Jorge
La ia la ii
VI
Anunciando o final trágico:
Procurou pelo sertão
Todo o mês de fevereiro
O Dragão da Maldade
Contra o santo Guerreiro
Procura Antonio das Mortes
Procura Antonio das Mortes
Todo o mês de fevereiro
VII
Em diálogo, feroz, ritmo de luta:
- Se entrega Corisco!
- Eu não me entrego não!!!
Eu não sou passarinho
Pra viver lá na prisão
- Se entrega Corisco!
- Eu não me entrego não!!!
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão
- Se entrega Corisco!
- Eu não me entrego não!!!
VIII
Vivaz, alegre
Farrea, farrea povo
Farrea até o sol raiar
Mataram Corisco
Balearam Dadá
Mataram Corisco
Balearam Dadá
O sertão vai virá mar
E o mar virá sertão
Tá contada a minha estória
Verdade e imaginação
Espero que o sinhô
Tenha tirado uma lição
Que assim mal dividido
Esse mundo anda errado
Que a terra é do homem
Num é de Deus nem do Diabo
Que a terra é do homem
Num é de Deus nem do Diabo
envoyé par Bartleby - 6/10/2011 - 15:57
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Parole di Glauber Rocha
Musiche di Sérgio Ricardo
Colonna sonora dell’omonimo film di Glauber Rocha, manifesto del “Cinema novo” brasiliano.
Nord-est brasiliano, 1940. Manoel, mandriano sfruttato in una fazenda, sogna di riuscire a raggranellare un gruzzolo per affrancarsi dalla schiavitù e mettere su una fattoria per proprio conto. Ma il ricco “coronel” con cui si mette in affari lo raggira e lo vuole ridurre sul lastrico. Manoel lo uccide e scappa nel sertão con la moglie Rosa, inseguiti da Antonio Das Mortes, spietato cacciatore di taglie al soldo dei latifondisti. Nel deserto Manoel e Rosa incontrano prima un gruppo di contadini diseredati imboniti da un fanatico santone millenarista (il Dio del titolo) e poi, quando Antonio Das Mortes stermina gli invasati ed il loro leader, i due fuggiaschi si aggregano ad un piccolo gruppo di cangaceiros, superstiti della strage della banda di Lampião e guidati dal luogotenente di questi, il feroce Corisco (il Diavolo del titolo, che davvero fu il braccio destro del più famoso cangaceiro brasiliano). Ma il cacciatore di taglie avrà ragione anche dell’ultimo cangaceiro (e davvero Corisco venne ucciso due anni dopo di Lampião e Maria Bonita, proprio nel 1940) e a Manoel e Rosa non resterà che continuare la fuga con l’acquisita consapevolezza che per i poveri non c’è pace, che “se la terra è tonda e se il mare è blu da che mondo è mondo il forte vince e non sei tu” e che “così mal diviso il mondo é sbagliato” perchè “la terra deve essere dell'uomo, non di Dio e nemmeno del Diavolo” …
"Estetica della fame" é il titolo di tale manifesto fondamentale per capire l'opera di Glauber. In esso, si rivendica una visione dei problemi del terzo mondo, cercando di evidenziare come il terzo mondo sia incapace di far sentire i suoi veri problemi, travestendo la veritá in un falso esotismo e di come i paesi civilizzati siano incapaci di vedere la miseria terzomondista come un sintomo tragico, ma solo come dato di fatto, visto con uno sguardo pietoso. Questa situazione dell'arte, tende inevitabilmente a influenzare la politica. La cultura “civilizzata” guarda all´America Latina per soddisfare la sua nostalgia di primitivismo. Il forte condizionamento colonialista porta la cultura dei paesi in via di sviluppo ad un´estetica della miseria che stimola solo l´umanitarismo dei colonizzatori. "Qua risiede la tragica originalitá del Cinema Nuovo in rapporto al cinema mondiale: la nostra originalitá é la nostra fame e la nostra maggior miseria é che questa fame, essendo sentita , non é capita." Questa tragica miseria vuole quindi opporsi a quella falsa estetica borghese che nasconde la vera realtá delle cose, chiamata da Glauber, "cinema digestivo" che per l'europeo diventa "uno strano surrealismo tropicale e per il brasiliano una vergogna nazionale". Questa dialettica non puó che sfociare nella piú nobile manifestazione della fame: la cultura della violenza. "Per il Cinema Novo il comportamento giusto di un affamato é la violenza, e la violenza di un affamato non é primitiva, ma rivoluzionaria."
Purtroppo molte cose sopraddette sono ancora di grande attualitá; basta accendere la televisione brasiliana e assistere alle telenovelas spazzatura che ritraggono solo la vita alto-borghese di quel 5% della popolazione che ha in mano il 50% della ricchezza nazionale…. Oppure chiedere a chiunque qual’é la prima cosa che gli viene in mente quando sente la parola Brasile: culi abbronzati, spiagge con acque cristalline, noci di cocco, calcio, carnevale, "garota de ipanema"...
(Dalla recensione di Macaco su Debaser)