Language   

Balada da cidade triste

José Colaço Barreiros
Language: Portuguese




Nas ruas paradas
Da cidade triste
Não se ouvem risadas
Já não se resiste.
Nas ruas sombrias
É senhor o medo,
Sem fim são os dias
Da vida em segredo.

Para cá do seu muro
Acabou-se a esperança:
Só lembram o futuro
Choros de criança.
Para cá dos portões,
Com garras brutais
Guardam os patrões
Hienas e chacais.

Quem pode passar
Nas ruas escuras
Sem mais recear
Sofrer mil torturas?
Quem pode passar
Nas ruas infectas
Sem mais recear
Ferrões e grilhetas?

Nas ruas caladas
uma só canção:
as botas cardadas
em marcial trovão.
Partem para a guerra
Matar sem razão,
Plantar noutra terra
a sua maldição

De cerviz curvada
sob infame jugo
qual lenta manada
para as mãos do verdugo,
passa tanta gente,
e tanto afligida
que presa ao presente
mal se sente a vida.

Quem pode passar
nas ruas mortiças
sem mais recear
sofrer mil sevícias?
Quem pode passar
nas ruas doentes
sem mais recear
cárcere e correntes?

Na cidade triste
condenam quem pensa,
e o seu povo assiste
com indiferença.
Teme-se o vizinho,
o amigo, o parente:
a suspeita é vício
em todos presente.

Na cidade obscena
já mal se respira
que o ar envenena
de ameaça e mentira.
Mas crescente a raiva
aumentando vem,
que o enrolar da vaga
não tolhe ninguém.

Quem pode passar
nas ruas cercadas
sem mais recear
traições e ciladas?
Mas há de avançar
sem temer enganos
para desafiar
a ira dos tiranos.

O pranto do luto
dá à luta razão
que a morte é o fruto
da resignação.
Basta um brado à solta
entre a multidão
que inflame a revolta
em Revolução!



Main Page

Please report any error in lyrics or commentaries to antiwarsongs@gmail.com

Note for non-Italian users: Sorry, though the interface of this website is translated into English, most commentaries and biographies are in Italian and/or in other languages like French, German, Spanish, Russian etc.




hosted by inventati.org